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O inox 304 (CF8) e 316 (CF8M) podem sofrer imantação? - MP Válvulas
O inox 304 (CF8) e 316 (CF8M) podem sofrer imantação?

Por: Daniel Trombim

18/03/2024 • Atualizado em 03 de abril de 2024

O aço inoxidável é uma liga metálica que contém principalmente ferro, cromo e, em alguns casos, outros elementos como níquel e molibdênio. A presença do ferro é fundamental para que o material possa ser atraído por um ímã. No entanto, a quantidade de ferro e a estrutura cristalina do aço inoxidável podem variar dependendo da sua composição específica.

Em determinadas ligas de aço inoxidável, como as da série 400, como o tipo 430 ou 410, a quantidade de ferro é relativamente alta, o que torna o material magnético. Isso significa que essas ligas podem ser atraídas por um ímã devido à presença de ferro em sua composição.

Por outro lado, ligas de aço inoxidável da série 300, como o tipo 304 ou 316, têm uma estrutura cristalina diferente que torna o material menos magnético ou até mesmo não magnético. Embora essas ligas contenham ferro, sua estrutura molecular especial impede que o material seja fortemente atraído por um ímã.

Portanto, a capacidade do aço inoxidável de ser atraído por um ímã depende da sua composição específica e da quantidade de ferro presente, com algumas variedades sendo mais magnéticas do que outras.

O aço inoxidável da série 316 (ou tipo 316) é conhecido por sua resistência à corrosão e suas propriedades anticorrosivas em ambientes agressivos, como os marítimos. Devido à sua composição química específica, que inclui cromo, níquel e molibdênio, o aço inoxidável 316 geralmente não é magneticamente suscetível.

No entanto, em certas circunstâncias, como exposição a temperaturas extremamente baixas ou altos campos magnéticos, é possível que o aço inoxidável da série 300 sofra um fenômeno temporário de magnetização. Esse fenômeno, conhecido como magnetização induzida, pode ocorrer devido à reorientação dos domínios magnéticos do material sob a influência de um campo magnético externo. Porém, é importante destacar que essa magnetização induzida é temporária e reversível. Assim que o campo magnético externo é removido ou as condições que causaram a magnetização são alteradas, o aço inoxidável retorna ao seu estado não magnético original.

Em resumo, embora o aço inoxidável 304 ou 316 não seja magneticamente suscetível em condições normais, ele pode temporariamente adquirir propriedades magnéticas sob certas condições extremas, mas essas propriedades são reversíveis e não afetam permanentemente o material.

Além das condições extremas mencionadas anteriormente, como exposição a temperaturas muito baixas ou a altos campos magnéticos, outro motivo pelo qual o aço inoxidável 304 e 316 pode sofrer imantação é a presença de tensões residuais internas. Essas tensões podem surgir durante processos de fabricação, como conformação a frio, soldagem ou tratamento térmico, e podem causar uma reorientação dos domínios magnéticos no material, levando a uma magnetização temporária.

É importante ressaltar que essa magnetização induzida devido a tensões residuais é geralmente muito fraca e pode não ser perceptível em condições normais. No entanto, em situações onde a sensibilidade à magnetização é importante, como em aplicações que exigem alta precisão ou onde a presença de materiais magnéticos é indesejável, pode ser necessário considerar e controlar essas tensões residuais durante o processo de fabricação do aço inoxidável 316.

Outro motivo pelo qual o aço inoxidável 316 pode sofrer imantação é a presença de inclusões metálicas ou materiais ferromagnéticos em sua estrutura. Essas inclusões podem ser introduzidas durante o processo de fabricação, como na formação de soldas ou durante o resfriamento do material.

Se pequenas quantidades de materiais ferromagnéticos, como ferro ou aço carbono, forem incorporadas ao aço inoxidável 316, isso pode causar uma magnetização localizada na região das inclusões. Embora o aço inoxidável em si não seja magnético, a presença dessas inclusões pode criar pequenas áreas de magnetismo dentro do material.

Essa magnetização devido às inclusões é geralmente mais fraca do que em materiais ferromagnéticos puros, mas ainda pode ser detectada em certas situações. Portanto, é importante considerar a possibilidade de inclusões metálicas ao avaliar o comportamento magnético do aço inoxidável 316 em aplicações onde a presença de magnetismo é crítica.

De acordo com a norma NBR 15693, seção 10, Nota 1, é ressaltado que materiais dessa natureza podem sofrer mudanças em suas propriedades magnéticas. É recomendável consultar a nota para obter informações adicionais sobre esse aspecto:

“NOTA 1: Os aços inoxidáveis austeníticos podem ter suas propriedades magnéticas alteradas para levemente magnéticas ou até magnéticas, devido ao processo de fabricação ou de trabalho.”

Em conclusão, é importante ressaltar que a presença de imantação em um produto de aço inoxidável não necessariamente indica uma falha na qualidade do material. Mesmo que o produto exiba alguma magnetização, ainda pode ser considerado como aço inoxidável, especialmente considerando os diversos fatores que podem influenciar temporariamente essa característica, como tensões residuais, inclusões metálicas ou condições extremas de temperatura e campo magnético. Portanto, é crucial avaliar o produto como um todo, levando em conta não apenas a presença de imantação, mas também outros aspectos importantes, como sua composição química, propriedades mecânicas e resistência à corrosão, para determinar sua adequação para a aplicação desejada.

 

Fonte:

CALLISTER JR., William D.; RETHWISCH, David G. “Materials Science and Engineering: An Introduction”. John Wiley & Sons.

SHACKELFORD, James F. “Introduction to Materials Science for Engineers”.

LENARD, J.G. “Principles of Metal Manufacturing Processes”.

AVNER, Sidney H. “Introduction to Physical Metallurgy”.

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REED-HILL, Robert E. “Physical Metallurgy Principles”.